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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Entrevista a Luís Filipe Borges

Luís Filipe Borges, depois dos programas “Revolta dos pastéis de nata” e “Sempre em pé” é, agora, um dos apresentadores do programa da RTP2 “5 para a Meia-Noite”. Natural de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Licenciou-se em Direito e a sua paixão pelas boinas levou-o a assumir a alcunha de “'Boinas”. Estivemos com o Boinas nos estúdios do “5 para a Meia-Noite” onde aproveitámos para lhe lançar algumas perguntas onde se destacam respostas sobre a sua vinda para o continente, a sua opinião sobre o humor e a sua paixão pelos Açores.

Como é que um Açoriano adopta a alcunha de “Boinas” e consegue vingar num tão complexo como a televisão?
Eu vim para o continente estudar com 18 anos. Segui é o percurso normal de muitos Açorianos. Vim fazer Direito. Licenciei-me. Mas, fui para Direito sem grande entusiasmo, foi mais para fazer o favor aos meus pais. E, embora tenha feito o curso sem grande dificuldade, percebi que não iria ser feliz ali. O meu sonho, desde adolescente, sempre tinha sido a escrita, viver da escrita. E, na Faculdade de Direito a melhor coisa que eu retirei desses cinco anos foram as actividades extracurriculares, muitas delas relacionadas com a escrita. Eu colaborava com jornais locais, fundei, com dois amigos, uma revista na Faculdade e fiz teatro universitário. Portanto, percebi que era na comunicação que eu queria estar. O que aconteceu é que no último ano do curso eu e esses dois grandes amigos escrevemos uma carta a um jornalista que admiramos muito. Soubemos que ele estava a abrir um programa televisivo. Eu tive a situação, quase miraculosa, em que no dia que terminei o curso fiz uma prova oral de manhã e de tarde estava convocado para trabalhar, oficialmente, na produtora para esse programa.

Esteve muito tempo nessa produtora ou foi convocado para um trabalho de curta duração?
Foram dois anos e meio nessa produtora a fazer projectos de televisão dos mais variados. E, foram dois anos e meio que eu considero uma pós-graduação em audiovisual.

Após esses dois anos e meio teve o convite para as Produções Fictícias?
Sim. Recebei um convite das Produções Fictícias, que muito me honrou, que escreviam e ainda escrevem para o Herman, que era o meu ídolo de adolescente e não tinha como recusar. Estando nas Produções, cuja base é o humor, era inevitável acabar por entrar nessa área também. Não era um objectivo primordial para mim mas, é um campo onde me sinto muito bem, tenho profunda admiração por muitos comediantes e fui trabalhando.

Como é que nasce a “Revolta dos Pastéis de Nata”?
Foi uma situação extraordinária pela sorte, pela coincidência, que foi: eu escrevia uma pequena crónica diária no jornal “A Capital”, que já não existe, era o último texto a entrar no jornal, eu tinha de fazer um apanhado da actualidade daquele dia, com humor. Eram textos muito curtos. Um belo dia, recebi um telefonema de um senhor que eu não conhecia que era subdirector do Canal 2, a dizer: “gosto muito das suas crónicas e gostava de o conhecer porque temos um projecto que talvez seja a sua cara”. Conhecemo-nos, demo-nos muito bem, partilhámos ideias, gravei um episódio piloto que viria a ser “Revolta dos Pastéis de Nata” e foi assim que comecei a dar a cara. Foi um acidente feliz sem quase dar por isso.

O Programa “5 para a Meia-noite” nasce como consequência do sucesso da “Revolta dos Pastéis de Nata”?
Mais ou menos. A “Revolta” foi um programa que correu maravilhosamente. Teve quatro séries durante dois anos. Depois disso, ainda fiz outro programa, bastante diferente, o “Sempre em pé” em que a alma era o Stand-up Comedy mas, com pessoas essencialmente desconhecias que não tivessem passado pelo “Levanta-te e ri”. Foram duas séries e depois surgiu este projecto do “5 para a Meia-Noite”, ideia do Bruno Santos, que é o subdirector de programas que atrás referi. Ele foi escolhendo-nos aos cinco, individualmente, num todo, e tem sido uma aventura extraordinária. Para mim, eu achava impossível superar o prazer que tinha na “Revolta dos Pastéis de Nata” mas, este programa ainda consegue fazer isso.

Como é que vê o grande sucesso do Stan-up Comedy em Portugal, como aconteceu nos últimos anos, depois de Raul Solnado dizer que já fazia esse tipo de humor?
Eu percebo essa frase do Raul Solnado… ele era, sem dúvida, um génio… mas, não é completamente verdade, porque uma das características essenciais do Stand-up é que a pessoa que está sozinha em frente ao microfone diz as suas próprias palavras e não era exactamente o caso do Raul Solnado. Ele tinha textos adaptados de Espanha que eram brilhantemente interpretados e bem adaptados mas, não era textos originais. Nesse sentido, o Satnd-up Comedy, em Portugal, nasce há pouco anos. Eu diria que o boom já passou, claramente. Foi necessário porque veio marcar uma rotura com um certo marasmo que havia na comédia em Portugal, com o formato onde apostam na careta e na chalaça sexual, a torto e a direito, e que ainda tem algum sucesso mas, era basicamente só e quase aquilo que existia… mais o Herman. Era fundamental haver sangue novo, haver veículos de humor diferenciados. Obviamente, toda a medalha tem o seu reverso, e esse boom foi fundamental mas, em cada dez pessoas havia uma que se aproveitava.

E nos dias de hoje, ficaram só os interessantes?
Hoje em dia estamos numa fase muito interessante, porque o trigo está a separar-se do joio. O público já se habituou, já levou com muitos anos seguidos disto, já conheceu muitas caras, muitos textos e agora já selecciona. Já não se ri de qualquer coisa.

Sente necessidade de correr o país com espectáculos?
Não. Faço com bastante regularidade mas, não me posso comparar com o Bruno Nogueira ou o Nilton, fazem bem mais. Eu adoro estar em casa, gosto da vida caseira. Mesmo assim, faço uns vinte espectáculos por ano.

Que faz o Luís fora da exposição pública que é a televisão e mesmo as crónicas que escreve para jornais e revistas?
Estou com os amigos, leio, vou ao cinema, vejo DVDs compulsivamente em casa e jogo à bola uma vez por semana.

Os Açores continuam a estar no seu dia-a-dia, onde vai colocando umas colheradas na revista do jornal Sol e mesmo no programa da RTP2, onde sublinha, sempre, o facto de ser açoriano, dando a conhecer a sua terra. Um Açoriano é isso mesmo… é estar constantemente a lembrar a sua terra e dizer aos outros a maravilha que existe em pleno Oceano Atlântico?
Eu acho que sim. Eu acho que existem três tipos de Açorianos: os Açorianos que pensam em sair do Arquipélago… tenho uma profunda admiração por esses. Tenho seis amigos de infância que vieram estudar para o continente e resta eu e outro, os outros a conta-gotas foram regressando, foram regressando por vontade firme, porque não conseguiram deixar de regressar, e essas pessoas que regressam e querem vingar na sua terra são, para mim, de actos notáveis e de admirar; os Açorianos que nem pensam em sair e os Açorianos, como eu, que saem e que para poderem prosseguir o seu caminho, o caminho que escolheram, não têm como voltar, pelo menos, para já. Na minha área eu não me safaria lá.

E como é que compensa a ausência dos Açores?
A única maneira que eu tenho de compensar isso é, de facto, não desperdiçar nenhuma oportunidade para falar das Ilhas. Eu sinto-me, à minha maneira, à minha pequena escala, um pequeno embaixador. Eu acho que nós temos um arquipélago paradisíaco... não é apenas uma terra belíssima a nível nacional… eu acho que é um local único a nível planetário, com uma produção de Cultura por quilómetro quadrado absolutamente espantosa. Basta pensar na quantidade de escritores que de lá saíram. Portanto, se toda a gente já tem orgulho da sua terra, eu acho que o orgulho dos Açorianos é reforçado, ainda mais, pela importância histórica que o Arquipélago ganhou ao longo dos séculos e pela distância que nos aumenta a saudade e o amor perante a terra natal.

Quando veio estudar para o Continente sentiu alguma falta de conhecimento em relação aos Açores que por vezes são confundidos, apenas, com a série “Xailes Negros”?
Gritante. Acho que é algo que se tem vindo a mitigar nos últimos anos, até porque os Açores estão na moda, mais do que isso, são mais estimados, com boas campanhas, com boa promoção quer do Turismo Açoriano, quer de algumas pessoas que deram destaque às ilhas como o Pedro Pauleta, a Nelly Furtado… isso mudou um pouco a imagem dos “Xailes Negros” que existia. “Xailes Negros” foi uma série espantosa, sem qualquer irresponsabilidade para o Zeca Medeiros, que é um artista genial e não tem culpa disto, mas os “Xailes” ajudou a criar um conceito de uma terra escura, onde está sempre a chover e onde as pessoas estão muitos tristes… e esquecem que aquela série foi há décadas atrás, no pico da emigração. Havia um desconhecimento enorme em relação aos Açores. Hoje em dia, ainda fico indignado quando falo com alguém e nem sabem quantas ilhas são… ao mesmo tempo, eu não fico completamente desgostado pelo factos dos Açores terem esse lado misterioso para tanta gente… de certa forma isso ajuda a conservar o Arquipélago encantador como é e a não transformá-lo, com todo o respeito, numa Madeira… a Madeira já está, de tal forma, virada para o Turismo que acaba por perder alguma graça…

Mas, teme que isso possa acontecer, principalmente no caso de São Miguel, Terceira e Faial?
Penso que não, porque o nosso clima está lá para nos ajudar. (Risos).

Contudo, nos casos concretos de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e mesmo a Praia da Vitória existe um desenvolvimento muito grande…
Enorme, enorme…

E esse desenvolvimento não poderá prejudicar a beleza natural e o mistério das ilhas?
Eu penso que, para já, está numa fase muito saudável. Eu vou várias vezes trabalhar aos Açores, principalmente a São Miguel, e arrisco-me a dizer, até escrevi uma crónica sobre isso, recentemente, no “Sol”, que Ponta Delgada deve ser uma das cidades mais bonitas do país. O crescimento daquela cidade, nos últimos quinze anos, é espantoso. Eu creio que, nem que seja pelo factor geográfico e serem nove ilhas, que vai ser sempre difícil os Açores virem a ser um Algarve ou uma Madeira… os interesses locais nunca o permitiriam…

O Low Cost é um bem ou mal necessário para ajudar a promover os Açores?
Alguma coisa tem de acontecer, porque eu, ou qualquer açoriano, ter de pagar mais dinheiro para ir ver a minha terra, dentro do meu país, do que pagaria para ir à maioria das capitais europeias é uma situação absurda e aparentemente é inacreditável como é que essa negociata se mantém… alguma coisa tem de ser feita.
Adélio Amaro

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Entrevista a Carlos do Carmo

Carlos do Carmo é um dos fadistas mais conceituados de Portugal. Tem representado o nosso país um pouco por todo o Mundo durante os seus 45 anos de carreira. Numa conversa informal, não deixei de lhe perguntar como tem sido a sua relação com o público, com os emigrantes e também com o leiriense José Luís Tinoco (autor de várias letras interpretadas por Carlos do Carmo). Falar de Carlos do Carmo, como refere a sua biografia, é “associar o seu nome ao que de mais genuíno e popular se canta nas ruas de Lisboa, quer seja um simples pregão de varina, um esvoaçar de gaivotas do Tejo ou uma festa popular com sardinha assada. Na sua voz, andam também de mãos dadas a saudade, os amores não correspondidos, a solidão, a primavera com andorinhas e os «putos» deste Portugal e ainda a esperança e o futuro”.

São mais de quarenta anos de carreira. Carlos do Carmo esperava, quando se iniciou no mundo da música, conseguir uma carreira tão sólida e recheada de sucessos como aquela que tem alcançado tão brilhantemente?
As coisas nunca acabam. Eu penso que as pessoas são muito generosas comigo. Portanto, esta generosidade que me desconcerta muitas vezes ao mesmo tempo é o meu oxigénio, torna-se muito estimulante porque atinge um grau de responsabilidade muito elevado para mim. Mas o que eu sinto, isso é o lado mais cativante de tudo isto, é o afecto que as pessoas me dedicam que é um misto de respeito e de ternura e isso é inapagável.

Sente isso após cada espectáculo?
Eu saio do palco com uma responsabilidade em cima dos ombros sempre acrescida. Não vejo isto como uma coisa que me deixe perturbado com a fama, com a glória. Vejo isto como um estímulo, como qualquer coisa que vale a pena continuar. E, vale a pena fazer aquilo que tenho tentado fazer que é ser muito mestre em cima do palco… dar tudo o que tenho para dar.

O Carlos do Carmo tem contactado com os portugueses um pouco por todo mundo, através dos seus imensos espectáculos. Qual tem sido a reacção desses portugueses quando têm a oportunidade de ver ao vivo um espectáculo de Carlos do Carmo a milhares de quilómetros de Portugal?
Isso é uma ligação cúmplice de muitos anos. Eu comecei a cantar para os nossos emigrantes em 1967. E, nunca mais deixei de voltar aos emigrantes com o mais profundo respeito. Eu não me recordo de nenhum país onde exista emigração portuguesa que não tenha cantado, desde a Austrália aos Estados Unidos da América e em todos os países da Europa onde os portugueses estão. Sempre tive a sensação que lhes levava um pouco de Portugal.

É aí que aparece a saudade?
Eu nunca gostei de abusar do sentimento da saudade. Ou seja, eu procuro sempre falar-lhes do que tinha acontecido mas ao mesmo tempo do que estava a acontecer, levando notícias frescas e cantando, também, coisas frescas misturadas com as mais antigas. E, foi essa a maneira que eu encontrei de me identificar com a emigração para quem canto, de fez em quando, com muito prazer… gosto muito de o fazer.

Por alguma razão em especial, além do contacto e o convívio com os portugueses fora do país?
Porque é uma forma muito curiosa de aprender a ser português. Porque a distância é tremenda e provoca nas pessoas um orgulho e uma saudade que nós em Portugal, um bocado distraídos, malbaratamos.

Foi isso que sentiu em 1976 quando representou Portugal no Festival da Eurovisão?
Aí foi uma coisa diferente. Era uma coisa de cariz internacional. Sabe que, quando eu estou a fazer um espectáculo de outras características sinto-me responsável noutro nível.

Como assim…
É que aí, eu sinto que não posso falhar, porque se eu falho vão dizer “o português”, “Portugal” falhou. Aí, o facto de sermos um país pequeno e ainda um pouco isolado, ainda não estamos completamente integrados neste conceito muito sério das nações. Isto aumenta a responsabilidade de quem canta ou de quem exerce uma actividade fora do país.

Como é que na sua carreira surge um trio como Ary dos Santos, José Luís Tinoco e Carlos do Carmo?
São aqueles encontros maravilhosos que a vida propícia. Devo dizer o seguinte: existem algumas matérias da vida em que eu me sinto privilegiado e essa é uma delas. Cantar essa gente, para mim, é um privilégio. Eu canto-os hoje como os cantei há trinta anos e não sinto diferença nenhuma do tempo. Não tenho a sensação de estar a cantar nada de ontem.

José Luís Tinoco, leiriense, não surge em público. Conhecendo-o bem, qual a razão que leva Luís Tinoco a esconder-se ou a afastar-se da imagem pública?
É a natureza dele. Ele é um homem muito especial. Fecha-se em casa. É um pouco lunático e muito fechado sobre ele próprio. E, isso leva a que o trabalho dele não seja tão divulgado. Eu sou muito perseverante e falo sempre nele, canto-o sempre e chamo a atenção das pessoas para que não exista surpresa. Porque, pela natureza dele as pessoas não o conheceriam.

Fazendo uma pergunta velhinha, acha que o fado vai continuar com os novos fadistas que agora surgiram no nosso país como o caso de Mariza, Mafalda Arnauth, Ana Moura a confirmação de Camané, entre outros?
Eu acho que sim porque, o que realmente faltava é que chegasse gente nova a tocar e a cantar que é isso que lhe vai dar continuidade. Isto é dos livros. Quando os mais antigos, mestres que nós conhecemos, que eu tive o privilégio de conhecer, começaram a deixar de cantar surgiu a nossa geração. Agora surgiu uma nova geração. E, o fado é isto. Hão-de surgir outras e outras, espero, provavelmente com conceitos estéticos diferentes, porque a vida muda, a vida não pára, os conceitos podem ser outros e tudo estará presente na arte, porque a arte não é uma coisa estática.
Adélio Amaro

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Entrevista a Carlos Alberto Moniz

O Maestro Carlos Alberto Moniz, natural da ilha Terceira, Açores, tem dedicado a sua vida profissional ao meio artístico como apresentador, maestro, músico e compositor. Participou em espectáculos em Portugal e no estrangeiro com grandes nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Carlos Paredes, com os quais gravou vários discos. Foi director musical de vários espectáculos de Revista. Marcou presença em vários Festivais da Eurovisão da Canção como autor, intérprete e Maestro. Com dezenas de discos e CDs editados, Carlos Alberto Moniz assinou a direcção musical de vários programas televisivos. Participou em diversas séries e apresentou programas de televisão onde se destacam “Fungagá da Bicharada” e o actual, “Portugal sem Fronteiras”, com a fadista Diamantina, aos sábados de manhã na RTP1. São poucas as linhas destas páginas para falar da tão preenchida carreira de Carlos Alberto Moniz, cheia de prémios, onde o Arquipélago dos Açores tem sempre em cantinho especial.

Desde o início da sua carreira que se dedica à música. Como é que esta surge na sua vida?
Quer quisesse quer não quisesse já o meu avô, João Moniz, era maestro e violonista. Fez uma recolha muito grande da música popular açoriana. Existem muitos manuscritos. Eu tenho alguns desses manuscritos, das nossas modas: “O Sol perguntou à Lua”; “São Macário” a “Lira”... tenho os manuscritos dele. Depois, o meu pai foi embalado aos ensaios da Orquestra do meu avô e adormecia, muita vez, no sofá enquanto a Orquestra tocava. A seguir, o meu pai, pianista de uma Orquestra de Jazz, tocava, também, em casa e eu lá ia adormecendo ao som do meu pai.
Mais tarde, comecei a aprender piano e violino com o mestre Raul Coelho, professor de piano e harmonia, da Terceira, e com o mestre Manuel Arraial, professor de violino, de São Miguel.
Alguem tempo depois, fui estudar para Lisboa, entrei para o Conservatório, além de Agronomia, fui aprendendo sempre com mestres como Pedro Osório e outros que me passaram parte do saber que tinham, porque o saber integral não se consegue passar.

Os grandes mestres, quando deixam a vida terrena, levam o saber completo com eles...
O que eu tenho mais pena da morte das pessoas... pode ser uma posição um bocadinho egoísta... é o saber que com elas desaparece porque não foi possível fazer save no disco externo. E, existe tanta sabedoria que se foi embora e não ficou registada que me faz muita impressão, além da falta que os amigos fazem e da saudade... tenho este pensamento um bocadinho materialista, confesso. Mas, se eu pudesse ter a arte de um Antero de Quental, de um Nemésio ou de um Mozart ou mesmo de um Beethoven, ou de outros mais recentes...

Conviveu e convive com grandes homens e mulheres do mundo da Música e da Literatura. Nos primeiros anos da sua carreira tinha noção de que estava a conviver com homens e mulheres de grande valor e até, de certa forma, mais evoluídos que os restantes?
Mais agora do que na altura. Passava muitos serões com Luís Tó Monteiro, Bernardo Santareno, Afonso Praça, José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho e muito mais gente. Aliás, uma vez perguntaram à Lúcia, a minha filha, porque é que ela não era vaidosa e ela respondeu: “porque é que eu hei-de ser vaidosa se eu comia sopa ao colo do Fernando Guerra, com o Paulo de Carvalho a dar-me o bife e o Fernando Tordo a descascar- -me a fruta! Quem sou eu, se fui educada ao colo desta gente toda”.
De facto era gente muito importante e a prova é que a obra ficou. A importância era tal que me marcou em termos de conduta como cidadão. Tenho, agora, consciência do que eram Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Paredes... fartei-me de correr mundo a tocar com eles e a gravar discos... é gente que me ensinou que viver não é só comer, beber e defender uma outra posição, mais ou menos, rigidamente. Temos que ter na prática, do dia-a-dia, a coerência com aquilo que afirmamos. Não basta ir cantar uma cantiga sobre a Liberdade e depois ser um déspota no dia-a-dia nem falar em solidariedade e depois esquecer a solidariedade. Hoje em dia se a gente perguntar a qualquer pessoa o que é que pensa dos deficientes, toda a gente diz: “temos que ajudá-los muito, temos que ter muito respeito”. Mas, se atravessarmos uma grande cidade são milhares, não são centenas, de automóveis em cima dos passeios. E, se, por exemplo, um deficiente quiser passar de cadeira de rodas, não passa. E, se perguntarmos a cada uma dessas pessoas, todas têm muita pena e todas são caridosas lá da sua forma especial.
Portanto, fui aprendendo, ao longo da minha vida, com estas grandes figuras, como Sophia Mello Breyner, Nemésio e outras que me vou lembrando aos poucos... a ter o cuidado da palavra mas também o que as palavras querem dizer... não basta juntar palavras bonitas, as palavras juntam-se e fazem frases, as frases definem ideias e quando se dizem determinadas frases essas ideias, que estão subjacentes, ou as praticamos ou então vamos para actores representar o papel de outros...

Ao longo da sua vida, esteve quase sempre ligado à Música, passou ligeiramente pelo Cinema, fez Televisão, mas existe um pormenor que lhe está sempre patente – nunca esqueceu os Açores...
Eu costumo dizer que vivo nos Açores, só que o meu trabalho é muito longe e passo muito tempo fora de casa. Tenho a minha casa na Praia da Vitória, ilha Terceira, só que por vezes, estou no Canadá, estou em Lisboa, estou no Porto, estou no Alentejo... África do Sul, Timor, Brasil... nunca paro no mesmo sítio e 90% dos contactos que tenho são açorianos que me chamam para ir aqui e ali.

E, no caso concreto da Lusofonia, através do programa que tem na RTP, "Portugal sem fronteiras", tem encontrado açorianos no meio Lusófono que está espalhado pelo Mundo?
Tenho. Se bem que eu acho que ser açoriano não é formar um clube de elite mas, sim, defender os nossos valores, as nossas gastronomias, a nossa música popular, as nossa touradas à corda, as nossas marchas, os nossos bailinhos de Carnaval, existe uma necessidade muito grande de divulgar isso o mais possível.
Hoje em dia, numa sociedade em que a comunicação é tão fácil, já não existe especialidades, obras, receitas, manifestações culturais que sejam só na região onde são feitas. São exemplo os bailinhos de Carnaval, que eram uma coisa que se fazia e se faz, felizmente, 60, 70, 80 bailinhos que saem em cada Carnaval, na ilha Terceira, inspirados nas cegadas do Continente. Tudo isto, alguns anos para cá, está na Net. Portanto, podemos estar em Timor, nos Estados Unidos ou no Médio Oriente a ver bailinhos de Carnaval. E, por isso, é que eu acho que ser Açoriano não é fechar as coisas no baú da nossa memória mas, sim, levá-la a todos.

Na sua carreira, onde é que se sentiu mais realizado, sabendo que além de compor, participou no Festival da Canção e na Eurovisão onde dirigiu a Orquestra, participou em vários programas de televisão como responsável pela composição musical, fez espectáculos?...
Eu tento nunca ser um artista ou cidadão como aqueles falsos arquitectos que costumo designar. Existem muitos artistas e criativos a quem se pergunta: "que é que estás a fazer?". Eles dizem: "tenho um projecto, ando há quinze anos a pensar nisso, mas ainda não está bom para apresentar". Eu, durante os últimos quinze anos, se calhar, os projectos não serão tão bons como esses pensadores mas, a verdade, como disse, é que já fiz televisão, fiz cinco anos de rádio em que entrevistei as finas flores, desde a ala esquerda à ala direita, desde o Garcia Pereira ao José Ribeiro e Castro, por exemplo, passando por todos os outros representantes da justiça e do poder. Na televisão estou a fazer um contacto que está a correr muito bem, que tem portugueses que nos ligam desde o Médio Oriente, Macau, Timor, além das Américas e toda a Europa.
O dirigir a Orquestra foi uma das sensações de poder maior que eu tive na vida, particularmente na Eurovisão, sabendo que estavam milhões de pessoas, tanto na Suécia como na Jugoslávia, embora também tenha estado na Noruega. Mas, nestes dois primeiros em que fui dirigir a Orquestra e que estava com os braços prontos para dar entrada, passou-me pela cabeça: e se eu agora não entrasse, como é que era? É uma sensação de poder.
Claro que entrei. Se não tivessem confiança em mim a RTP não me tinha mandado lá. São estes grandes desafios que eu gosto de correr.
Estreei, alguns meses, uma Cantata com um coro de oitenta e tal figuras e uma Orquestra de cinquenta e tal e com quatro solistas, soprano, contra-alto, baixo e tenor sobre os 25 anos de Património Mundial, que também está na Net: “Cantata Património Mundial Angra do Heroísmo”.

E o Teatro, a Revista e o Cinema?
Para Teatro nunca tive jeito. Fiz muita música para Revista. Cinema fiz alguma coisa porque o Jorge Paixão da Costa e o Moita Flores são "malucos" e acham que eu sou actor. Ou, então, querem rir de mim ou são mesmo meus amigos. Já me colocaram a representarem vários situações mas, penso que o fizeram por amizade. O que eu gosto, mesmo, é de improvisar, disso não tenho medo nenhum.

Acontece um pouco isso com o seu programa "Portugal sem fronteiras", na RTP, com a ajuda da Diamantina?
Sim, porque a Diamantina é uma grande companheira que eu tenho no programa, é do Peso da Régua, estamos sempre a brincar com a situação de eu ser Açoriano e ela do Porto, eu do Benfica ela do FCP, estamos sempre pegados mas, é um conflito de gerações apenas...
Adélio Amaro

Entrevista a Rita Guerra

A Rita Guerra passou parte da sua infância nos Açores, na Ilha Terceira. Que recorda dessa fase da sua vida?
Tanta coisa. Eu vivi no Bairro de Oficiais da Base das Lajes, nos anos 80. Lembro-me praticamente de tudo. Foi uma fase muito marcante da minha vida. Foi uma fase da vida que eu acho extremamente importante que é a nossa adolescência. E, as experiências que lá tive foram todas positivas.

Tem saudade?
Tenho muita saudade. Ainda recentemente fiz escala lá, a caminho da ilha Graciosa. E do Aeroporto Civil tive oportunidade de voltar a ver a zona do Bairro onde habitava… Lembro-me praticamente de tudo como era, porque hoje está diferente. E tenho a sorte de ter feito concertos na Ilha.

Conhece outras Ilhas?
Sim. Da ilha de São Miguel, recordo-me de algumas coisas, porque tenho lá família e estive lá o ano passado a fazer um concerto nas Portas da Cidade. Estive no Rali Sata Açores, onde fui cantar o Hino dos Açores. Este ano estivemos no Pico, em São Roque… isto para dizer que não conheço todos mas que conheço um pouco de todas as que já visitei, faltando-me apenas visitar o Corvo e Flores. Tive a oportunidade de conhecer, recentemente a Graciosa.

Esteve na Graciosa onde foi madrinha da Gruta do Enxofre candidata às Sete Maravilhas Naturais de Portugal. Como é que surgiu o convite?
O convite surge, precisamente, por saberem que eu tinha uma afinidade muito grande com o Arquipélago e o facto de ter lá vivido. Eu menciono várias vezes, em entrevistas, a minha passagem pelos Açores e sempre com grande saudade. De maneira que alguém terá sabido e entendeu convidar-me.

Que achou da Gruta do Enxofre, na Ilha Graciosa?
Tive pena de não conseguir ver a Gruta do Enxofre, porque naquele dia o nível de dióxido de carbono estava muito alto e era proibido entrar. Mas, tive a oportunidade de ver a visita virtual que eles têm lá disponível. Tive, ainda, a oportunidade de ver a boca da gruta e ver o espaço maravilhoso onde está localizada.

Depois dos Açores como é que surge a música na vida da Rita Guerra?
A música sempre esteve cá a fervilhar. Mas, foi nos Açores, precisamente, que eu percebi que também conseguia acompanhar-me ao piano. Eu tocava piano e cantava e nos Açores descobri que conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Tentei fazer as duas coisas juntas e gostei do resultado e da experiência.
Entretanto as oportunidades foram surgindo e eu acabei por conseguir, felizmente, ter a sorte de enveredar pela música. Tive a sorte de conhecer as pessoas certas.

O maestro Pedro Osório é uma pessoa fundamental na sua carreira?
Claro que sim. O Pedro Osório é um génio, é um excelente músico, é um grande amigo. Foi director musical no Casino do Estoril durante muitos anos e é um músico por excelência.

As participações nos Festivais da Eurovisão são marcos que ficam na sua carreira. Teve a oportunidade de participar mais de que uma vez. Acha que Portugal alguma vez vai conseguir ganhar esse Festival? Depois de ter apresentado tão boas vozes, como foi o caso da Rita Guerra?
Eu já ouvi dizer tanta coisa sobre a Eurovisão… as coisas que eu ouvi foram todas muito feias… eu não vou reproduzir porque não o devo fazer… e por isso mesmo, as coisas feias que ouvi, não sobre Portugal, mas sobre a forma como eventualmente é gerido tudo o que rodeia a noite da Eurovisão, por aquilo que eu sei, Portugal nunca vai ganhar.

“As Canções do Século” foi um projecto que ajudou a sua carreira a dar um salto mais visível perante o público?
Sim, sem dúvida. “As Canções do Século” foi um projecto que teve imensa audiência, naquele Festival da Canção, no ano em que ganhou a Anabela. E, a partir daí, começaram a surgir muitos convites e fizemos quase sete anos de espectáculos ao vivo. E, era um espectáculo muito caro, e nem por isso deixaram de contactar e contratar.
Foi extremamente importante. Teve imensa projecção. Houve muita gente a procurar o disco, que não estava gravado. E, depois tivemos oportunidade de fazer um espectáculo ao vivo no Casino do Estoril para ser filmado e gravado e ver, finalmente, o registo que pudesse ser vendido ao público. Este projecto foi encomendado apenas para a noite do Festival e de repente foi um sucesso enorme e acabou por ser um bom trampolim para todos nós.

Durante 21 anos esteve a fazer espectáculos no Casino do Estoril. Foi por opção própria ou entendeu que ali poderia elevar a sua carreira?
O Casino é uma casa maravilhosa, com grandes espectáculos de qualidade, mas tem um público itinerante. Tem um público muito variado e diferente. As pessoas que ali vão, na sua maioria, não vão para ouvir a Rita Guerra. As pessoas vão ali para ver o espectáculo, para ali jantar… e existem muitos grupos estrangeiros que por ali passam.
Obviamente que tem de ser um espectáculo para agradar a todos e não é um espectáculo onde se destaca apenas um cantor ou uma cantora, ou um bailarino ou um solista…
Sendo assim o público nunca era mesmo e o espectáculo sim, era sempre o mesmo durante um ano e meio ou dois anos, porque tinha uma produção muito cara.
Sendo assim, é óbvio, que não é muito criativo para um artista cantar as mesmas coisas todos os dias.

Esta nova fase de espectáculos no exterior acha que é melhor do que estar diariamente no mesmo palco?
É muito melhor do que estar sempre no mesmo palco. Eu acho que não se pode comparar uma situação com a outra, porque são completamente distintas e apenas têm em comum a música.
Agora, chegar ao final deste tempo todo e vir para junto do público e estar ao alcance de toda a gente é muito bom.
Enfrentar o público pelo país fora, e não só, para mim, faz sentido. É maravilhoso ver que realmente tenho um apoio gigante de pessoas que gostam de mim, que gostam das minhas músicas, que gostam do nosso espectáculo e que vão assistir, mesmo que esteja frio ou a chover.
Já dei espectáculos perante vinte mil pessoas, a chover muito, e foi maravilhoso ver as pessoas a assistirem sem arredar pé, mesmo com as más condições do tempo.

Foi a Rita Guerra que entendeu deixar o Casino?
A determinada altura entendi vir embora. Cheguei ao pé do Pedro Osório e disse-lhe que estava na altura de deixar o Casino e ir para os espectáculos no exterior. Ele disse-me: “Como produtor musical do Casino peço-te por tudo que não vás embora. Como amigo, vai-te embora já.”. Portanto, houve uma altura em que realmente senti que deveria ir embora… mas, foi-me pedido para não sair, até porque era uma época muito complicada, porque o Casino ia entrar em obras e o espectáculo ia passar para uma sala muito pequena e precisavam de um nome que tivesse consistência para chamar público. Eu disse que sim, acabei por ficar. Era confortável, onde se tinha trabalho 365 dias por ano.

Quando sai é o momento certo para a continuação da sua carreira?
As coisas aconteceram no tempo certo em que tinham de acontecer. Não acho que saí de lá tarde demais, porque tinha cá fora um público enorme a esperar por mim. Senti que as pessoas não se esqueceram de mim e sinto uma energia e uma vontade enorme de continuar.

O nível de vendas de um CD é fruto de alguém que gosta de um determinado trabalho. Após a sua saída do Casino as vendas dos trabalhos da Rita subiram?
Sem dúvida. Foi uma coisa astronómica. Sabe, estou com 42 anos mas sinto-me uma miúda, com tudo isto.

Recentemente sagrou-se vencedora no “Top Choise Awards”, na categoria de “Top Internacional Female Singer 2009” através da votação da comunidade portuguesa residente no estrangeiro. Como é que surge esse reconhecimento do público português no estrangeiro perante o trabalho da Rita Guerra, mesmo com poucas actuações realizadas fora do país?
Eu penso que é através do conhecimento que a comunidade portuguesa tem do meu trabalho, essencialmente através da televisão, rádio e Internet. Por isso, estou completamente disponível e com muita vontade para cantar ao vivo para os nossos emigrantes, porque eles são, sem dúvida, o exemplo da nossa representação portuguesa no estrangeiro. A eles agradeço muito este prémio que me foi atribuído dois anos seguidos.

Está agora a promover o CD “Luar”. De todos os trabalhos que editou qual foi o que lhe deu o verdadeiro impulso para a promoção da sua carreira perante o público?
Eu estou a promover o “Luar” que é um trabalho mais acústico e por ter outros compositores. Mas, o mais importante, que foi o que marcou a viragem para a fase em que eu estou agora, foi o “Rita”. Foi importante a vários níveis e foi uma pedra muito rija que ficou ali no meu caminho. Foi um marco muito grande e um ponto de viragem na minha carreira. Os outros trabalhos foram sempre diferentes uns dos outros, acreditei sempre naquilo que fiz, embora, pensando hoje, teria feito algumas coisas diferentes, mas isso faz parte do percurso… se eu soubesse o que sei hoje…
Eu vou continuar a fazer aquilo em que acredito e enquanto os trabalhos futuros não estiverem como eu quero, não sai nenhum. Portanto, eu continuarei, sempre, a pautar do crédito daquilo que faço, com qualidade e trabalho.
Adélio Amaro

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Entrevista a Vítor Norte

Além da figura conhecida, quem é o Vítor Norte?
O Vítor Norte é um cidadão português, tem como profissão actor, que adora representar, seja em teatro, televisão ou em cinema.

Recentemente participou na telenovela “Deixa que te leve”. Foi positiva a sua participação?
Sim. Foi uma boa novela. Passei bons momentos e dei muitas risadas. Foi um bom produto que teve excelentes audiências.

Ganhou três globos de Ouro. Que significado teve para si?
É sempre gratificante para um actor ter o reconhecimento do público… e, claro que fiquei muito feliz pela distinção. Curioso é que sempre que recebi o Globo de Ouro, fiquei vários meses desempregado, por isso, espero não receber mais nenhum (risos).

O actor João Lagarto considera-o como melhor actor da sua geração?
O senhor João Lagarto que é um espectacular actor, por vezes é muito exagerado. Fico contente que tenha uma opinião boa a meu respeito, mas acho que é muito exagerada.
Estou a ser absolutamente sincero.

Considera-se um actor versátil?
Ser actor, já significa ser versátil. Um actor tem que ter a capacidade de saber encarnar a personagem, seja de que género for. É uma pergunta que me fazem sempre, mas esta é a minha opinião, um actor que é actor, tem que ser versátil

Teatro, Televisão ou cinema?
Não escondo a preferência pelo cinema. É algo que me dá imenso prazer fazer. Contudo, Teatro e Televisão também gosto de fazer e é algo que faço com gosto. Felizmente tenho feito bons trabalhos.

Herói ou vilão?
Os dois. São duas personagens que não são fáceis de fazer, mas pessoalmente gosto de fazer as duas.

O Vítor Norte e o João Lagarto encontram-se a percorrer o país com o espectáculo “Recital”. Fale-nos um pouco sobre a peça?
O nosso espectáculo não é bem teatro, mas também não é um recital de poesia. É uma mesa, duas cadeiras, garrafas de água e folhas impressas.
O João Lagarto e o Vítor Norte recitam e conversam, durante uma hora bastante animada, com muita comédia à mistura, onde, penso, que é muito interessante de ver (risos).

É difícil fazer comédia?
Sim. Há pessoas que nascem com esse dom e outras que não. Fazer rir é algo que é extremamente difícil.

Teatro, Cinema, Novela ou Revista. Qual deles é o mais complicado para um actor?
Na minha opinião é a Revista. Não é fácil em segundos estares a encarnar um personagem, e de repente passas logo para outra. É muito complicado e valorizo muito quem trabalha na área da Revista

Que recordações guarda da Rua Sésamo?
A Rua Sésamo foi um programa que marcou gerações. Estou muito grato por ter feito parte desse projecto, que foi um ícone nos programas infantis. Ainda mantenho contactos com os actores que fizeram parte do elenco, porque realmente foi um excelente programa para os mais novos.
É pena que hoje não existam mais programas desse género.

O que falta fazer na sua carreira como actor?
Falta contracenar com vários actores excepcionais que há em Portugal. Acho que, ainda, tenho muita a coisa a explorar…
Cid Ramos