segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Afonso Lopes Vieira

Afonso Lopes Vieira, natural de Leiria, nasceu a 26 de Janeiro de 1878. Era filho do advogado e jornalista Afonso Xavier Lopes Vieira e de Mariana Lopes Vieira, ambos naturais da freguesia das Cortes.
Era neto paterno de José Lopes Vieira da Fonseca e de Maria José Xavier Cordeiro da Fonseca e materno de José António de Azevedo e de Maria José Lopes de Azevedo.
Afonso Lopes Vieira, desde muito novo, conviveu com os clássicos da literatura através do contacto que teve com os livros patentes na recheada livraria da casa do seu tio-avô, nas Cortes.
Após a conclusão do curso liceal, em Leiria, Afonso Lopes Vieira matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se bacharelou em 1900, tendo o próprio afirmado ser “um aluno medíocre”.
É na cidade de Coimbra que inicia a sua vasta obra literária, publicando as obras em verso “Para Quê?” (1897) e “Náufrago” (1898).
Já em Lisboa, depois de ter rejeitado o lugar de sub-delegado do procurador régio, para o qual fora nomeado em 1900, tentou abraçar, tal como seu pai, a carreira de advogado, actividade que abandonou após a sua primeira intervenção em tribunal.
Entre 1906 e 1916 exerceu o cargo de redactor da Câmara dos Deputados.
Embora homem viajado, com várias ausências no estrangeiro, Afonso Lopes Vieira vivia a sua vida repartida entre Lisboa e a sua casa de férias em S. Pedro de Moel – “Casa-búzio”, sobre a qual vários escritores e jornalistas afirmam que teve influência na obra literária do poeta leiriense, sendo de salientar o açoriano Vitorino Nemésio que chamava ao poeta de Mestre. Afonso Lopes Vieira foi o autor do prefácio do primeiro livro de Nemésio – “O Paço do Milhafre”.
Apaixonado pela obra de Gil Vicente, Afonso Lopes Vieira inicia, em 1911, aquilo a que chama, na sua auto-biografia, “Campanha Vicentina”, lutando para que as obras do “pai” do Teatro subissem aos palcos dos teatros lisboetas ou fossem alvo de espectáculos ao ar livre.
Outras duas referências para Afonso Lopes Vieira foram, são dúvida, Camões e Garrett, seguindo o fio condutor deste último, na procura da tradição como fonte de inspiração da literatura e das artes portuguesas. Afonso Lopes Vieira era um homem com o dom da palavra. Realizou numerosas conferências onde destacou a referida tradição através de referências ao Folclore e à Arte Nacional.
Deixou uma obra literária muito rica com trabalhos nas áreas de poesia, poesia musicada, prosa, literatura infantil, cinema, adaptações e reconstituições, traduções, compilações, antologias, conferências, discursos e alocuções, além dos inúmeros artigos publicados em jornais e revistas e outros trabalhos dispersos.
Já na década de quarenta é convidado a reger um curso de Literatura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, convite que declinou por motivos de doença.
Afonso Lopes Vieira rejeitou todas as homenagens que particulares e instituições, incluindo o Governo, lhe tentaram prestar.
Uma das maiores referências da cidade do Lis faleceu a 25 de Janeiro de 1946.
Deixou a sua enorme Biblioteca à cidade de Leiria tendo, mais tarde, a Autarquia atribuído o seu nome à Biblioteca Municipal.
Adélio Amaro

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