Francisco Rodrigues Lobo nasceu em Leiria em 1579, segundo alguns historiadores, ou 1580, segundo outros. Era filho de André Luís Lobo e de Isabel Lopes, moradores na antiga rua da Água, nos dias de hoje rua Comandante João Belo. Segundo João Cabral, o pai de Rodrigues Lobo seria escudeiro fidalgo da Casa da Infanta D. Isabel (cristão novo) e sua mãe seria “meia cristã nova”. Era neto paterno de Simão Luís e Ana Roiz e neto materno de Manuel Lopes (natural do Alentejo) não se sabendo o nome da sua avó materna.
O poeta, prosador e pedagogo Rodrigues Lobo fez os seus estudos iniciais na cidade que o viu nascer e mais tarde em Tomar, onde aparece matriculado em 1593 e no ano seguinte em Leis na Universidade de Coimbra, da qual recebeu o grau de bacharel, a 13 de Maio de 1602, depois de alguns anos de interrupção nos estudos.
É na cidade dos estudantes que Rodrigues Lobo se estreia no mundo das letras, com apenas 17 anos, ao publicar “Prymeira e Segunda Parte dos Romances”.
O poeta leiriense terá feito uma vida despreocupada, visto que usufruiu do rendimento do priorado de Porto de Mós que recebeu como prémio, da mão do Duque D. Teodósio, por ter “glorificado”, no seu poema “O Condestabre” a Casa de Bragança. Rodrigues Lobo relacionava-se com a maia alta fidalguia de Portugal, frequentando mesmo os solares dos Marqueses de Vila Real, em Leiria, e dos Duques de Bragança, em Vila Viçosa. Talvez por isso, alguns historiadores lhe tenham atribuído descendência nobre, facto que outros afirmam que o poeta não possuía.
Leiria foi, quase sempre, a tela principal da obra de Francisco Rodrigues Lobo, como são exemplo os seus romances “A Primavera”, “O Pastor Peregrino” e “O Desenganado” assim como outros trabalhos, onde descreveu a época em que viveu, como é o caso de “Corte na Aldeia” considerada como o primeiro “sinal literário” do Barroco em Portugal. Esta obra, dedicada ao descendente da Coroa Portuguesa, D. Duarte, irmão do Duque de Bragança, convida este último a preservar o orgulho da “língua e da nação Portuguesa”.
O Poeta deixou para a memória imensos trabalhos. Contudo, o seu derradeiro trabalho, “La Jornada de la Magestad Catholica del-Rey Felippe Tercero hizo ao Reybo de Portugal”, serviu para assinalar a visita de Filipe III de Espanha a Portugal. Este trabalho terá sido um “infeliz passo da vida do Poeta” como refere Agostinho Gomes Tinoco, tendo em conta que os Reis Filipes nunca foram bem aceites do reino português, quando estes tomaram Portugal.
Todavia, entre muitas, algumas já referidas, são de salientar as seguintes obras: “Cartas dos Grandes do Mundo e Relação burlesca”; “Canto elegíaco ao lamentável sucesso do Santíssimo Sacramento que faltou na Sé do Porto”; “Eufrosina” e entre outras “Auto do nascimento de Cristo”.
Uma outra curiosidade, em relação ao Poeta Rodrigues, é o facto de ter sido Judeu, segundo João Cabral, explicando o facto de “sua família ter passado pelos cáceres do Santo Ofício, o que está hoje bem demonstrado e também se prova com uma escritura de «Fiança que dá António Vaz Castelo Branco» que se encontra no livro n.º 17 do Cartório Notarial, folha 9 verso, do Arquivo Distrital de Leiria, onde se diz «todos os bens móveis abaixo e rendimentos deles pertencentes a Joana Lobo, sua mulher, presa nos cárceres do Santo Ofício da cidade de Lisboa…»”.
Francisco Rodrigues Lobo morreu afogado no Tejo a 24 de Novembro de 1621, faz na presente semana 389 anos, quando fazia a viagem entre Lisboa e Santarém, “por se ter voltado o barco”. Deste acidente morreram mais pessoas e segundo João Cabral, nos Anais de Leiria, “apenas se salvaram D. Lopo da Cunha e um seu criado”.
A sua primeira jazida foi na igreja paroquial de Santa Iria. Os seus restos mortais, mais tarde, foram trasladados para a Capela das Queimadas do Mosteiro de S. Francisco, em Lisboa, que sofreu um violento incêndio, em 11 de Junho de 1708, que o destruiu.
Adélio Amaro
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