quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Roberto Ivens para além dos Açores - II

(Cont.) Breakspeare Ivens, com a nova gravidez de Margarida Júlia, sente a obrigação de arranjar um novo lar para, agora, acolher as duas crianças, assim, como a tia Ana Matilde e uma empregada, na Rua Nova do Passal, em Ponta Delgada.
Mesmo antes do nascimento do segundo filho, Duarte Ivens, o inglês Breakspeare Ivens reconhece a paternidade do Roberto que aos três anos de idade perde a mãe vítima de tuberculose.
O jovem Roberto Ivens, usufruindo do estatuto social da família Ivens, permanece em Ponta Delgada e frequenta a Escola Primária do Convento da Graça, onde em pouco tempo, recebe a alcunha de “Roberto do Diabo” devido a um conjunto de traquinices onde habitualmente se envolvia.
Em Agosto de 1858 Roberto Ivens e o seu irmão Duarte são levados pelo pai, que havia casado, para Faro, no Algarve.
Três anos mais tarde, Roberto Ivens é inscrito na Escola de Marinha, em Lisboa, onde concluiu os estudos que o capultaram para uma carreira de sucesso como Oficial de Marinha.
Como estudante, embora aplicado e com uma inteligência fora do comum, nunca perdeu a sua face de jovem divertido, aproveitando os seus dotes musicais para animar os seus colegas ao som de uma guitarra.
Com apenas 20 anos Roberto Ivens terminou o curso de Marinha em 1870, com as mais elevadas classificações tendo ainda, frequentado em 1871, a Escola Prática de Artilharia Naval, partindo em Setembro desse mesmo ano para a Índia, pelo Canal do Suez, integrando a guarnição da Corveta Estefânia, onde é feito Guarda-Marinha.
No ano seguinte, contacta regularmente com Angola.
A 10 de Outubro de 1874 completa os três anos de embarque nas colónias, regressando a Portugal.
No mês de Janeiro, de 1875, faz exame para Segundo-tenente fora da barra de Lisboa e, em Abril do mesmo ano, segue na corveta Duque da Terceira para São Tomé e Príncipe e, posteriormente, para os portos da América da Sul. De regresso, em Abril de 1876 parte, no mesmo mês, no Índia para Filadélfia, com produtos portugueses para a Exposição Universal daquela cidade. De volta a Lisboa, Roberto Ivens tem conhecimento do plano governamental de exploração científica no interior de África com o objectivo de explorar os territórios entre as províncias de Angola e Moçambique, de forma a tornar real um reconhecimento geográfico das bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze.
Sonhando com a oportunidade de levar a efeito o desejo de descobrir e estudar o Continente Africano, Ivens não perde a oportunidade e oferece os seus préstimos para fazer parte dessa exploração.
Todavia, Roberto Ivens sabia da demora que poderia levar até conseguir uma resposta positiva. Assim, numa forma de antecipação, pediu para servir na Estação Naval de Angola.
Desta forma, de regresso a Angola, Ivens aproveitou para fazer vários reconhecimentos, principalmente no rio Zaire, levantando uma planta do rio entre Borud e Nóqui.
Finalmente, em 1877, por Decreto de 11 de Maio, Roberto Ivens é nomeado para dirigir a expedição aos territórios compreendidos entre as províncias de Angola e Moçambique e estudar as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Na mesma data foi promovido a Primeiro-tenente.
Nos três anos seguintes, Roberto Ivens fez parte da exploração científica de Benguela às Terras de Iaca na companhia de Hermenegildo Capello e também de Serpa Pinto.
A grande aventura de Benguela às Terras de Iaca, foi dirigida por Capello, grande conhecedor científico do território angolano, tendo o Major do Exército Serpa Pinto e o Oficial de Marinha Roberto Ivens como companheiros. (cont.).
Fotografia da Igreja da Fajã de Cima, concelho de Ponta Delgada, onde Roberto Ivens foi baptizado.
Adélio Amaro

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