João Lopes Soares, natural da freguesia de Arrabal, nasceu a 17 de Novembro de 1878. Era filho de Simão Pires Soares e de Cristina de Jesus. Neto paterno de João Pires Soares e de Josefa Ramos Cardoso e materno de Manuel Lopes da Cruz e de Maria de Jesus.
Fez os seus primeiros estudos no Liceu de Leiria matriculando-se, após a conclusão destes, no Seminário de Coimbra, onde concluiu o curso de Teologia, em 1900. Após a sua ordenação como presbítero, fez concurso para capelão militar, sendo colocado, em 1902, no Regimento de Artilharia n.º 2, em Alcobaça, com a patente de Alferes. Em 1905 foi transferido para a Infantaria n.º 16, em Lisboa, onde iniciou a sua acção política, acompanhando o movimento republicano. Três anos mais tarde é preso e acaba transferido para Vila Viçosa.
Com a Proclamação da República (5 de Outubro de 1910), João Soares é colocado, de novo, em Infantaria 16 e nomeado professor do Instituto dos Pupilos do Exército. Após dois anos, foi nomeado Administrador do Concelho da Guarda e posteriormente, pouco tempo depois, Governador Civil da Guarda, transitando para Braga no ano seguinte. Em 1914 regressa a Lisboa e é nomeado vogal do Conselho Superior de Finanças onde permanece até 1926.
No entanto, em 1915, foi nomeado Governador Civil de Santarém e ocupou o lugar de Deputado da Nação pelos Círculos de Guimarães e Leiria, 1916 e 1926, respectivamente. No ano de 1919 foi Ministro das Colónias, no Ministério de Domingos Pereira.
Após pedir a anulação das Ordens eclesiásticas que havia recebido, pôs em Roma uma acção canónica pedindo a sua anulação, confirmada pelo Papa em Agosto de 1927.
Em 1935 fundou e dirigiu o Colégio Moderno, em Lisboa.
Durante uma vida muito preenchida, com altos e baixos, passando pelo exílio e prisão nos Açores e Espanha, João Lopes Soares dedicou sempre parte da sua vida ao Ensino e à publicação de trabalhos relacionados com essa área, onde se destaca o “Novo Atlas Escolar Português”, publicado em 1943, com 4 edições e que teve uma edição especial para o Brasil, com prefácio de João de Barros.
Publicou, ainda, vários livros didácticos em que se salientam: “História Universal”, em 3 volumes; “Portugal nossa Terra”, em colaboração com Elísio de Campos; “Quadros de História de Portugal”, colaboração com Chagas Franco e ilustrado por Roque Gameiro e Alberto de Sousa; “A Idade Moderna e Contemporânea”; “Atlas Auxiliar de Iniciação Geográfica e Fé e Civismo”; “História de Roma e da Idade Média” e “Os Povos Orientais e a Grécia”.
A 17 de Novembro de 1968, quando completou 90 anos de idade, João Lopes Soares foi alvo de uma grande homenagem dos seus antigos alunos.
Viúvo de Elisa Nobre Lopes Soares e pai Tertuliano Lopes Soares e de Mário Soares (ex-Presidente da República), João Lopes Soares faleceu a 31 de Julho de 1970, com 91 anos de idade. A cerimónia de corpo presente decorreu na igreja de São João de Brito, em Lisboa, donde se realizou o funeral para o cemitério das Cortes, Leiria.
Adélio Amaro
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