O silêncio, muitas vezes, é tão profundo que chega a doer na alma. Não uma dor física e passageira, mas uma dor intensa e devastadora.
Por si só, o não existir de palavras, músicas ou qualquer coisa que nos faça sentir alguma vibração, já é algo incomum para o ser humano e até mesmo para os animais. Mas, muitas vezes, está ausência absoluta de sons, nos traz uma introspecção tamanha, um encontro como nunca foi alcançado com o nosso “eu” interior, com nós mesmos.
Existem pessoas que ficam bem no silêncio, porque, dizem elas, podem alcançar as suas próprias almas, ou planos espirituais muito mais elevados, ou até mesmo entrar em contato com divindades.
Precisamos de traquilidade e falta de estímulos ao redor para entrar em um estado de mutação física, de “nirvana”, onde o silêncio, por si só, já é um som.
Uma doce e mística melodia de encantamento e sublimidade; de enlevação e amor fraternal; de purificação e grandeza interior.
Por isso, os grandes mestres, sejam de qualquer religião ou filosofia, sempre ficam em silêncio para meditar e entrar em sintonia com o ser maior, o criador de tudo e de todos nós.
Quantas vezes ansiamos por um pouco de silêncio para podermos criar algo, ou até mesmo, apreciarmos a própria natureza que, por si só, já é um arroubo de sons líricos?
Mas, quantas vezes o tememos? Fugimos dele como se fosse o nosso perseguidor implacável, remetendo-nos para lugares em nosso pensamento onde tememos ir.
Por iniciativa própria ou por contingência da vida podemos de uma hora para outra, de um minuto para outro, ficarmos em um silêncio absoluto e perturbador.
Chega sem aviso. Sem pedir licença e pode mudar nossas vidas para sempre.
Dizem os sábios do Tibet (país situado nas longínquas montanhas do Himalaia), que só podemos conhecer o nosso “eu” totalmente quando estivermos, pelo menos uma vez na vida, em um silêncio profundo e absoluto. Em uma total ausência de sons.
Sejam eles, exteriores ou interiores, onde se possa ouvir, os sons do fundo da alma ou do espírito.
Muitos deles permanecem anos, trancados em cavernas geladas em um estado de semiconciência, onde não existe nenhum tipo de som.
Quando saem de lá, revelam que ouviram a própria voz, vindo do seu interior. E a voz de divindades absolutas que habitam o silêncio e as nossas almas.
Se é verdade ou não, cabe a cada um decidir.
Mas tentar entender o silêncio e desfrutar dele, não o temendo, é um dever e um desafio que todos nós deveríamos tentar.
Ouçam o som do silêncio, conheçam-se mais. Assim, poderão ter uma vida mais feliz e menos ansiosa, apesar de viverem em cidades onde o barulho, muitas vezes, chega a ser ensurdecedor.
SILÊNCIO... silêncio... silêncio!
Claire Leron, Brasil
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