À minha Ilha

Parti,
Deixei-te indiferente,
Sem qualquer hesitação
Nem sequer me voltei para trás.
Tu eras tão pequena, sempre igual,
Os teus horizontes em círculo
Alimentavam a minha imaginação.

Fugi
Na calada da noite, inconsciente,
Mergulhada na escuridão.
Não ouvi
O apelo do mar,
Embatia docemente no casco do navio.
Não entendi
O grito de despedida das gaivotas,
Sobrevoavam lentamente
Os mastros lá no alto.
Não quis ver
O adeus silenciosos
No olhar triste do meu pai.
O seu abraço ainda o sinto
Forte a proteger-me
Nas horas de aflição.

Parti…
Abandonei-te
Sem dor,
Com paixão,
Com ansiedade.
Quis romper o círculo,
Cedi à imaginação.

Parti…
Arrependi-me.
O tempo tornou-te grandiosa,
Imensa na saudade
Que nunca mais me abandonou,
Nas pinceladas de beleza
Que, cada dia, acrescento
À visão que ainda retenho.

Parti…
Sei que vou voltar…
Com certeza! Quando?

Alda Fernandes
Natural de Mosteiros, S. Miguel, residente na Marinha Grande