Apesar de vestígios arqueológicos no morro do castelo de Pombal indicarem anteriores presenças romana e, também, muçulmana, seria natural que em zona de correias militares predominasse a desertificação populacional. Mesmo assim, nos campos mais férteis ou de estacionamento de tropas, poder-se-ia encontrar gente, embora escassa e muitas vezes moçárabe.
A lenda do castelão Al-Pal-Omar daqui desalojado em surtida templária sob a invocação de S. Miguel, que levaria o santo ao antigo brasão da vila, pode não ter sustentação, mas não deixa reflectir o peso dos templários na região.
O “fossado da Ladeia”, autêntica acção de limpeza militar lançada por D. Afonso Henriques a partir de Coimbra, por Penela, Germanelo, Alvorge e Ansião, pode ter chegado a Pombal na preparação da conquista das terras de Leiria, em 1135.
O certo é que na distribuição das terras vizinhas e outras mercês dadas pelo príncipe num equilíbrio entre senhores da guerra, conventos, bispados e ordens, e face à possibilidade de tardias investidas almoadas, a Redinha (1159) e Pombal (1174) viram-se confirmadas à guarda do mestre templário Gualdim Pais.
Todavia, este já teria construído ou reconstruído o castelo de Pombal em 1161, que acolheu o novo burgo na encosta sul, onde se encontram não só a estrada principal, como as antigas igrejas de St.ª Maria do Castelo e de S. Pedro.
Em 1323, Pombal merecia já pacíficas visitas reais, como entendimento celebrado entre D. Dinis e o filho D. Afonso na Igreja de S. Martinho. Mais tarde, em 1509, D. Manuel visitaria o castelo e a vila, mandado reconstruir a velha torre.
No séc. XVII, com a presença do conde de Castelo Melhor, o castelo foi readaptado a residência, embelezado, recuperando-se elementos arquitectónicos manuelinos, como os de uma janela ainda hoje visíveis.
Depois, cumpriu o desuso e abandono como os outros da região, até aos trabalhos de restauro parcial, em 1940, e aos projectos de reanimação que actualmente se desenham.
Também as surtidas de D. Fuas Roupinho em defesa destas terras, face ao avanço almoada e das quais a tradição lhe daria a alcaidaria da vila, surgem envoltas em mistério, tal como a própria personagem do lendário almirante.
Seria com D. Sancho I, no séc. XII, e com D. Dinis no seguinte, que o castelo foi ganhando condições de residência, mas foi sobretudo o Conde de Ourém, D. Afonso, que tendo recebido a donataria de Porto de Mós, ordenaria obras de fundo adornando o edifício ao jeito palaciano, antecipando um gosto de cortesão e renascentista, como se pode observar na sua elegante silhueta, mas também nos recortes dos janelões ou no capitel revivalista de uma sobrevivente coluna jónica.
Com a marca deste seu patrono bem visível na divisa “Me faut fere” e nas duas gruas num labor nunca devidamente descodificado, tal como na cripta da Sé de Ourém, depois do abandono semelhante aos seus vizinhos, teve recentemente notáveis obras de restauro que o voltam a dignificar.
Acácio Fernando de Sousa
Director do Arquivo Distrital de Leiria
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