sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Castelo de Pombal

Apesar de vestígios arqueológicos no morro do castelo de Pombal indicarem anteriores presenças romana e, também, muçulmana, seria natural que em zona de correias militares predominasse a desertificação populacional. Mesmo assim, nos campos mais férteis ou de estacionamento de tropas, poder-se-ia encontrar gente, embora escassa e muitas vezes moçárabe.
A lenda do castelão Al-Pal-Omar daqui desalojado em surtida templária sob a invocação de S. Miguel, que levaria o santo ao antigo brasão da vila, pode não ter sustentação, mas não deixa reflectir o peso dos templários na região.
O “fossado da Ladeia”, autêntica acção de limpeza militar lançada por D. Afonso Henriques a partir de Coimbra, por Penela, Germanelo, Alvorge e Ansião, pode ter chegado a Pombal na preparação da conquista das terras de Leiria, em 1135.
O certo é que na distribuição das terras vizinhas e outras mercês dadas pelo príncipe num equilíbrio entre senhores da guerra, conventos, bispados e ordens, e face à possibilidade de tardias investidas almoadas, a Redinha (1159) e Pombal (1174) viram-se confirmadas à guarda do mestre templário Gualdim Pais.
Todavia, este já teria construído ou reconstruído o castelo de Pombal em 1161, que acolheu o novo burgo na encosta sul, onde se encontram não só a estrada principal, como as antigas igrejas de St.ª Maria do Castelo e de S. Pedro.
Em 1323, Pombal merecia já pacíficas visitas reais, como entendimento celebrado entre D. Dinis e o filho D. Afonso na Igreja de S. Martinho. Mais tarde, em 1509, D. Manuel visitaria o castelo e a vila, mandado reconstruir a velha torre.
No séc. XVII, com a presença do conde de Castelo Melhor, o castelo foi readaptado a residência, embelezado, recuperando-se elementos arquitectónicos manuelinos, como os de uma janela ainda hoje visíveis.
Depois, cumpriu o desuso e abandono como os outros da região, até aos trabalhos de restauro parcial, em 1940, e aos projectos de reanimação que actualmente se desenham.
Também as surtidas de D. Fuas Roupinho em defesa destas terras, face ao avanço almoada e das quais a tradição lhe daria a alcaidaria da vila, surgem envoltas em mistério, tal como a própria personagem do lendário almirante.
Seria com D. Sancho I, no séc. XII, e com D. Dinis no seguinte, que o castelo foi ganhando condições de residência, mas foi sobretudo o Conde de Ourém, D. Afonso, que tendo recebido a donataria de Porto de Mós, ordenaria obras de fundo adornando o edifício ao jeito palaciano, antecipando um gosto de cortesão e renascentista, como se pode observar na sua elegante silhueta, mas também nos recortes dos janelões ou no capitel revivalista de uma sobrevivente coluna jónica.
Com a marca deste seu patrono bem visível na divisa “Me faut fere” e nas duas gruas num labor nunca devidamente descodificado, tal como na cripta da Sé de Ourém, depois do abandono semelhante aos seus vizinhos, teve recentemente notáveis obras de restauro que o voltam a dignificar.
Acácio Fernando de Sousa
Director do Arquivo Distrital de Leiria

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