O Auditório da sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa, foi o local escolhido para a apresentação do livro "O Mago dos Macondes", da autoria do médico Lino da Silva.
Com prefácio de Fernando Magalhães, este livro apresenta um conjunto de contos que são passados ora em Portugal ora em Moçambique. São contos "centrados em temas morais combinando o trágico e o cómico, o possível e o impossível, o porquê da vida o porquê da guerra. Numa palavra. Os grandes dramas humanos", como refere o autor do prefácio.
A apresentação do "Mago dos Macondes", editado pela Folheto Edições, foi da responsabilidade de Júlia Guarda Ribeiro, que descreveu vários momentos apresentados nas estórias do livro, todas elas baseadas em episódios que o autor viveu.
Júlia Guarda Ribeiro salientou que estas estórias são a experiência de uma vida dedicada a causas, onde Portugal e Moçambique são os palcos principais onde Lino da Silva actuou durante a sua vida profissional. Estórias de um médico que, além do seu profissionalismo, sempre salientou o seu lado humano. Segundo Júlia Guarda Ribeiro este é um livro que não se consegue parar de ler assim que se inicia a sua leitura. São estórias ricas de pormenores e descrições de factos e acontecimentos que, embora reais, por vezes nos levam para a imaginação do sonho.
Lino da Silva nasceu em 1930, na Aldeia de S. Francisco de Assis, Covilhã, onde fez a instrução primária. Frequentou o Colégio do Fundão e concluiu o curso do liceu em Lisboa, onde se licenciou em Medicina, profissão que exerceu durante cerca de cinquenta anos, dois dos quais como médico militar durante a guerra colonial.
Muitos anos volvidos, já aposentado, começou a registar acontecimentos e sensações que o haviam impressionado ao longo do seu percurso de vida, na época extremamente rica que foi a sua e, assim, recriando ambientes e cenários. Através da palavra, procurou criar personagens e trazer à vida outras que lhe foram tão próximas e tão caras.
Para Lino da Silva este livro nasce porque com "o fim da actividade profissional deixou-me disponibilidade para fazer outras coisas para as quais não tinha tido tempo: arrumar gavetas, estantes e ideias; ler livros que esperavam há muito nas prateleiras e, também, poder «ter um livro para ler e não fazer», como diz Fernando Pessoa.
Realizei que tinha percorrido quase oito décadas de vida, numa época extremamente rica em acontecimentos no país e à escala mundial, e tomei consciência do meu percurso de vida, extremamente variado desde a infância, na aldeia onde nasci, no exercício da profissão durante quase cinquenta anos", refere o autor.
Na sua nota de introdução do "Mago dos Macondes", a qual intitula de "Porquê, estórias", Lino da Silva realça que hesitou "muito antes de começar a escrever estas estórias avulsas; a colorir paisagens, criar ou recriar ambientes, e personagens que sentem, pensam, dizem e fazem coisas, que têm alegrias e desgostos, que vivem! As «pessoas» que se movem nelas emergiram, portanto, das recordações e do imaginário do autor. Algumas, apanhadas no ambiente da guerra colonial, ficaram lá. Para sempre.".
Adélio Amaro
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